Depois de um dia de trabalho nada melhor do que ir para casa. Meto-me no carro (ainda tenho 40 minutos de viagem), e lá vou eu toda contente a pensar no que me espera quando chegar.
Mas comigo a vida não é tão simples.
Estava eu a meio caminho, a conduzir na minha moderada velocidade e de repente acende uma luz vermelha no painel. Ok, vermelho é para parar! Um problema no radiador, parar de imediato. 11h da noite, encosto à berma na A28, e agora? Agora vais ver o que se passa!
Abro o capot. Como deixar esta porra aberta?? Ligo para uma das minhas pessoas. Vou ter contigo, ouço. Não é preciso, diz-me como faço para manter o capot aberto (nesta altura segurava o capot com uma mão e com a outra o telemóvel), e o que tenho que fazer. Lá percebi como manter o capot aberto, e com a lanterna do telemóvel, vejo que é grave. Fumo e água a sair por um tubo que não faço a mais pequena ideia do que seja. E agora? Vou ter contigo, continuava a dizer do outro lado. Que reconfortante é sentir que não estás sozinha nestes momentos que não dominas, mas não, não é preciso.Vou ligar à assisténcia em viagem.
Atendeu uma senhora que estava de mal com a vida, mas que tinha razões para estar melhor do que eu. Depois de um rol de perguntas sobre o carro, ainda me questiona para onde quero ir. Respondo, para casa! Para onde havia de ser? Segue queixa para a seguradora amanhã sem falta.
A minha pessoa nunca me deixou sozinha.
O reboque chegou rápido.
Liga-me outra vez a minha pessoa. " Olha, pela primeira vez, estou a andar num camião de reboque!" Risos do outro lado, vou-te buscar à oficina. Combinado.
Uma viagem a falar de reboques e similares, enfim coisas do meu interesse, e finalmente a oficina. E lá estava ela, a minha pessoa, à minha espera.
A sorte que tenho em ter pessoas com quem posso contar a todos os minutos, horas, dias, e com quem posso dar, nas piores situações, gargalhadas e tirar partido de tudo na vida.
Obrigada a ti, minha pessoa!